09 novembro 2006

S.G Descarta

Os números não mentem. No caso da revista Joyce Pascowitch, lançada em outubro de 2006, os números evidenciam muita coisa: com 256 páginas, em formato menor do que o convencional (16,5cm x 23,8cm), a edição de estréia da revista da ex-colunista social da Folha de S. Paulo atualmente editora do site de fofocas Glamurama – apresenta 100 páginas de anúncios - dos quais a grande maioria é de grifes de luxo e afinsalém de um catálogo avulso de 12 páginas de turismo milionário.

Nas 156 páginas restantes, a revista pretende - conforme a descrição da comunidade no orkut, criada por um de seus colaboradores – apresentar “um jornalismo inteligente, ousado e temperado com muito glamour, marca registrada de Joyce”. Tudo isso por R$ 7,90!

(Pausa para respirar e recuperar o fôlego perdido com a crise de riso.)

Provavelmente, na concepção da revista, houve uma confusão entre as definições de “glamour” e “esnobismoou “bajulação”. O “jornalismo inteligente” concentra-se em perfis do tipo quem acontece”, como a seção Os Autênticos, que, tendo de fundo grandes fotos de até duas páginas, apresenta inexpressíveis textos-legendas, cheios de louvações ao estilo fútil de viver.

No total são 26 páginas de perfis, das quais 15 apresentam somente fotografias. Também no esquema de perfil, mas casado com uma entrevista, há umrelatório da futilidade” – ocupando 10 páginas da revista - sobre o autor de novelas Gilberto Braga, famoso pelas tramas sobrecelebridades e o mundo do glamour, que ele sempre soube retratar como poucos”, conforme a revista.

que a publicação também propõe falar de moda, um ensaio fotográfico com a atriz Taís Araújo – também capa da ediçãoestampa 26 páginas, mantendo as cores da diagramação da revista nos cenários e figurino: preto, branco e vermelho. Na capa, os retoque digitais em Taís Araújo são tantos que eu nem tinha reconhecido a coitada.

Ainda procurando pelojornalismo inteligente e ousadotudo o que realmente consegui achar foi a “marca registrada de Joyce”: 19 páginas de colunismo social com uma péssima diagramação; cerca de 20 páginas de dicas de compras (o destaque fica por conta de um caderninho de anotações de R$ 95), horóscopo, cabala (!!!) e até mesmo correio sentimental.

Formadora de opinião inútil, Joyce Pascowitch nomeia algumas seções da revista como J.P Entrega que tem o indispensável conselho fashion de que os óculos da Betty, A Feia! vai virar moda -, J.P Descobre – dedicado às dicas consumistas da jornalista de ótimo faro – e J.P Ferve – para o fofoquismo mal diagramado.

Como este texto está um tanto grande, vou parando por aqui e deixo ao menos um elogio: a última página da revista traz uma bacana ilustração do artista e designer multimídia Gota que compensa o aborrecimento das 255 páginas anteriores.

Por fim, deixo ao menos um conselho: a revista Joyce Pascowitch pode ser uma excelente opção de matéria-prima para a arte do decoupage por um precinho camarada!

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