04 abril 2006

Vai que é tua, Marcos Pontes!!


A carência brasileira de um herói não é recente, é histórica. A necessidade de identificação do brasileiro com uma figura brada e varonil faz com que desde cedo sejamos apresentados a heróis de histórias e heroismos bem duvidosos: Pedro Álvares Cabral, o Descobridor; Tiradentes, o Inconfidente; Princesa Isabel, a Redentora; D. Pedro I, o Libertador; são alguns exemplos de heróis fabricados por governos hipócritas e livros didáticos.

Na literatura a busca por heróis também foi trabalhada, porém com muita irônia. O herói desejado pelos mais utópicos surgiria na escrita de Lima Barreto com o personagem sonhador e patriota de Policarpo Quaresma. Já a desesperança por um herói virtuoso viria no texto de Mário de Andrade com o "herói sem nenhum caráter" Macunaíma.

A coisa foi piorando, chegando aos dias de hoje, quando o potencial de heroísmo passou a ser medido pelas características futebolísticas do candidato a herói. Ou, pior ainda, quando uma personalidade que mesmo levando uma vida de picareta (como por exemplo um político canalha) morre de forma trágica.

A incessante busca por um herói está concentrada nos meios de comunicação, interessados no entretenimento massivo da informação rasa que produzem e despacham sem muita reflexão.

Sendo assim, o candidato do momento ao trono de Herói do Brasil é o astronauta Marcos Pontes que já tem um extenso artigo na Wikipedia e vem sendo incansavelmente exibido pelos preguiçosos telejornais brasileiro, além de outras manifestações como a do Correios que lançou selo para a comemoração da missão espacial em que Pontes participa.

Nada contra o astronauta... mas prefiro o preguiçoso e macumbeiro sem caráter.

Um comentário:

Anônimo disse...

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